Capítulo II | Crônicas


























A decisão majestosa do jovem Ketchum de zarpar de encontro ao Laboratório do Professor Carvalho só durou nos dois primeiros minutos, — quem poderia imaginar que sair calçado de chinelos para correr em uma trilha de paralelepípedos resultaria em um cansaço mais rápido do que o esperado? — Ao menos, seu companheiro, Pikachu, não demandou de nenhum esforço, uma vez que acompanhou todo o trajeto ao conforto dos ombros de seu amigo.









— Fala sério, Pikachu — Insistia em umas corridinhas breves, mas logo se vencia pelo cansaço e pela temperatura elevada do dia. — Quem teve a ideia de sair correndo nesse Sol de partir um Exeggcute ao meio? — O tom de voz quebrantado se manteve entre algumas arfadas, ainda que não demonstrasse insatisfação ou algo do gênero; pelo contrário, ainda nutria de um semblante bem animado.





— Pikaaa. Pika-chu. — Pelo tom da resposta, o pequenino roedor apenas balançou a cabeça em desaprovação.





— Bem, não tá muito longe. — Adentrou à direita na seguinte esquina e apontou à frente com o indicador. — Mais umas nove ou dez quadras, acho.






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Bom dia, Ash! — Era comum que a vizinhança cumprimentasse qualquer um e com o filho dos Ketchum não seria diferente. Uma senhora, provavelmente a dona da floricultura, acenou ao rapazinho enquanto varria a varanda de seu humilde e perfumado sobrado.





— Bom dia, senhora Lethe! — Retribuiu o gesto, acompanhado de um radiante sorriso. — Ei, como vai, Bulba?!





Pôde avistar o companheiro da mulher, uma pequena criatura esverdeada com um vistoso bulbo nas costas. O pequeno Pokémon o cumprimentou com um de seus ramos de vinha. Era o auxiliar mais determinado que conhecia, visto que carregava pelo menos dois sacos de fertilizantes nas costas e um regador. Adiante, prosseguiu a caminhada apressada, quase que em um ritmo de corrida.





Por onde passava, recebia algum aceno ou algum gesto sorridente de muitos rostos familiares. Devia ser a rua mais movimentada do vilarejo e tinha certeza de que encontraria muita coisa a julgar pelo horário. O mercado de orgânicos estava sendo reabastecido a todo vapor com o auxílio de dois Machoke e quatro Machop — provavelmente vinham do porto da cidade, a julgar pelas caixas com tantos selos e estampas internacionais. Uma lojinha de decorações do outro lado da rua chamava a atenção de crianças acompanhadas de pais ou mães, em especial porque muitas das bugigangas eram feitas no mesmo instante por um habilidoso Kadabra de uma velhinha muito generosa. Da última vez que Ash esteve lá, pôde se recordar com perfeição de um show de bolhas de sabão que nunca conseguiria reproduzir da mesma maneira com o aparato que lhe foi dado.





— Ei, Pikachu! — Depois que passou os olhos na vitrine do último sobrado, trouxe uma ideia esplendorosa em sua feição mirabolante. — A gente podia comprar um pouco de purpurina para fazer aquele foguete brilhar no seu lançamento, o que acha?





— Pika? — O ratinho elétrico conservou um posicionamento desconfiado e defensivo.





— Não, não tem nada de perigoso nisso. — Riu de leve. — É só que- bom, ele tá muito sem graça daquele jeito, né?





— Pika-chu. Pika-pi! — Não era preciso de muito para se convencer de que seu dono teria uma ótima ideia, por mais estupida que ela pudesse parecer aos olhos alheios. Assim sendo, Pikachu concordou de muito bom grado.





— A mamãe nos proibiu de usar qualquer coisa que fizesse aquilo explodir — Reclamou, não totalmente coberto de razão quanto à sua ideia principal. — E se conseguíssemos usar a sua eletricidade, ao menos.





— Pikaaa. — O tom de voz esmorecido do Pokémon evidenciou que sentia uma parcela de culpa sob as circunstâncias atuais.





— Ah, não, não. — Sorriu de imediato, assim que o acalentou em seu colo. — Não se preocupe com isso. Quando você estiver preparado para descarregar uma faísca sequer, eu vou te apoiar de qualquer jeito!





Ao final do setor comercial da cidade, por assim dizer, Ash pôde sentir nos pés que a calçada asfaltada fazia falta para o trecho seguinte. De volta ao trilho áspero de concreto rochoso, já podia avistar a construção pertencente ao Laboratório do Professor. Sem dúvidas, era o prédio mais chamativo do vilarejo. Espaçoso, com uma camada recente de tinta branca e um acabamento moderno, não aparentava que foi criado a partir de um hangar abandonado. Além disso, ainda contava com um moinho de vento que se tornou um monumento para os habitantes de Pallet — dia após dia, lá estava aquela estrutura enorme de concreto e madeira trabalhando.





Um pouco mais à frente, em direção do mar, podiam avistar o Cais de Pallet. Era modesto, porém abrigava uma quantidade generosa de marinheiros e pescadores que, se bobear, Ash reconhecia um a um, rosto por rosto. Além disso, contava os Poliwhirl e Poliwrath que acompanhavam alguns brutamontes abarrotados de caixas, hastes e tudo que imaginasse de pesado. Nos pilares em direção de algumas pontes estacionárias para os barcos, um aglomerado de Pidgey e Pidgeotto se reunia — ali, ao menos, tinham a certeza de que sempre sobravam sementes e derivados dos carregamentos.





Caro(a) leitor(a),

caso se permita adentrar à imaginação que este tenta e espera que se realize, considere este capítulo, a partir deste trecho, como uma abertura de um filme e se deixe levar à medida do seu gosto, desde a introdução até o fim dos créditos.





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No entanto, foi no céu azulado e acobertado por densas e fofas camadas de nuvens que a atenção do garoto se aprisionou à primeira instância. Não tinha certeza se havia avistado algo flutuante entre as corrediças e grandiosas massas de ar esbranquiçadas ou se estava tão animado a ponto de estar imaginando coisas. Tão logo, pôde obter a confirmação quando seu Pikachu também o cutucou em prol de olhar para cima mais uma vez.











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— Hm? Mas o que é...?





Assim que lhe concedeu o espaço necessário, conseguiu avistar, com um pouco mais de clareza, uma criatura quadrúpede com um pescoço moderadamente notório. Não seria possível enxergar o seu rosto com cem por cento de precisão, mas também constatou que havia uma espécie de dois semianéis que circulavam a sua cintura.





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Cavalgava delicada e majestosamente pelos céus, isso podia comprovar. Parecia até que estava varrendo-o de uma forma tão sutil que moldaria a forma das nuvens em tão pouco tempo. Gostaria de perguntar se mais alguém estava vendo tamanha oportunidade, mas não havia ninguém por perto no instante. Não se tratava de um Pokémon comum, ou seu conhecimento pelo mundo dos monstrinhos era muito baixo a ponto de não o reconhecer ainda.





— Caramba. — Boquiaberto, foi a única coisa que o jovem Ketchum pôde dizer antes do fenômeno aéreo desaparecer de sua visão. — A gente tem que falar isso pro Professor, Pikachu!!





— Pika-pika! — Concordou, nos mesmos tom e volume.





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Pouco importaria o cansaço ou a dor nos pés, tratou de correr o mais rápido possível para explodir suas emoções contra os ouvidos do Professor Carvalho. Ele era inteligente o suficiente para saber que tipo de criatura mágica era aquela. O catalogaria como uma divindade, se ninguém soubesse.









CRÔNICAS | RE: MAKE





POR PETHER MORGENSTERN

UM TRIBUTO AO INÍCIO DE MAIS UMA JORNADA




ESTRELANDO





ASH KETCHUM













PIKACHU













MAY MAPPLE













MAX MAPPLE













BROCK FLINTHEAD













SERENA VAN DER FLEURS













KORRINA TRESDABERG













CLEMONT LIMONE













MISTY WATERFLOWER













GARY CARVALHO













DAWN BERLITZ













PAUL MCCAY SHINJI













RED ISAMU AKAI













BLUE FEUILLE VERDÂTRE













GREEN OKIDO













YELLOW CABALLERO













PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS





JESSIE, JAMES & MEOWTH













GIOVANNI CAMMISANO













LYSANDRE VAN DER FLEURS













MOLLY EVERGREEN KETCHUM













DELIA KETCHUM













CAROLINE MAPPLE & NORMAN MAPPLE













MELODY WAHLGREN













ETHAN GOLDER HIBIKI













LYRA KOTONE













PROFESSOR CARVALHO









LILITH MORGENSTERN &
LUCY MORGENSTERN













MENÇÃO HONROSA





O NARRADOR









ROTEIRO ORIGINAL
DE CLARY MORGENSTERN

& PETHER MORGENSTERN








A penumbra do ambiente reforçava a negligência pela manhã, ainda mais com as persianas escuras que, por pouco, encobriam qualquer possibilidade da radiação matinal florescer e sacudir a leve camada de poeira sobre os móveis. Havia uma bancada de madeira envernizada instalada, entre um espaço reservado para uma escrivaninha e um criado-mudo, que comportava uma dezena de miniaturas colecionáveis — a maioria delas, por sua vez, se tratava de espécimes de Pokémon. Próximo da cama, um guarda-roupa modesto com as portas escandalizadas por uma quantidade inumerável de adesivos e broches, pequenos e grandes, dos mais variados tipos de promoções ou encontrados em quaisquer pacotes de salgadinhos. Ao canto, um baú de brinquedos devidamente organizado, embora algumas bugigangas estavam mal escondidas por trás da caixa.





Um tapete enorme, redondo e felpudo quase ocultava um par de chinelos e dois pares de tênis — pequeninos e discretos — e, também, revelava o rosto de um Pokémon do tipo grama, especialmente pela tonalidade verde-folha e os olhos amarelos esbugalhados. Quase tudo, para não dizer cem por cento, servente à decoração daquele quarto estava entregue à temática dos monstrinhos de bolso. A exceção se fazia presente pelos apetrechos miúdos, como um porta-lápis sobre o pequeno móvel, um par de óculos sem estampas ou algo do gênero — apesar de constar com lentes profundas e grandes o suficiente para o protótipo de exagero — e um relógio-despertador comum.





Tão logo, natural e instintivamente, os olhos miúdos do garotinho entregue ao conforto dos cobertores se relutaram um bocado ao ceder à contra vontade de abandonar um sono tão gostoso que, por outro lado, seu consciente — mesmo que impossibilitado de agir com jurisprudência naquele exato momento — sabia que estava na hora de levantar e aproveitar o dia, ainda mais quando conseguiu ouvir, sem muita nitidez, a voz de seu pai no andar de baixo. Chegou a se perguntar o que o fez retornar para casa tão cedo. Depois de coçar bastante os olhos, apossou de seus óculos e certificou de que não tinha dormido demais. Estava longe do horário de almoço. Mesmo assim, se contentou com o fato e se levantou com um bocado de pressa.





O pequenino, mesmo que cambaleando um bocado, reuniu o par de chinelos em seus pés e abriu as cortinas. Seus óculos eram de grau e de sol em simultâneo, então a resplendorosa luz matinal não o pegou tanto de surpresa quando deveria ter pensado um pouco antes de corresponder tanta animação em um só puxão no cordão. Em seguida, fez pouca cerimônia para deixar o recinto. Sequer havia trocado o seu pijama de inverno, quem dirá ter lavado o rosto ou penteado os cabelos negros e cheios de franjas espatifadas antes de seguir rumo à escadaria.





Desceu as escadas de forma tão silenciosa quanto ponderada possível, pudera, seu porte infanto-juvenil de aparentes nove ou dez anos não deixava evidências quanto ao seu espírito recém desperto de se comportar, mais um passo acelerado em falso e acabaria trocando os pés pelas mãos. Não era como se houvesse um nítido favoritismo pela figura paterna — afinal, convivia muito mais com a mãe e equiparava o amor por ambos — mas gostava de aproveitar cada minuto de sua presença para, especialmente, adquirir algum conhecimento inédito sobre Ginásios Pokémon.





Quando finalmente ouviu a risada descompromissada e tão pouco discreta de seu pai — e somado ao fato de que faltavam apenas dois degraus para o andar inferior — tratou de acelerar seus estímulos com um semblante um tanto revigorado.





— Pai! Papai! — Exclamou para que toda a casa pudesse ouvi-lo.





Tão logo, o encontrou recostado sobre uma bancada na cozinha. O que estivesse segurando ou fazendo, não importava aos seus princípios, uma vez que o abraçou com tanta força que poderia ouvir um estalo da estrutura óssea e uma expressão desajeitada — embora satisfeita — de seu pai; Norman. Era tão miúdo que deveria alcançar a metade da estatura do homem. Depois de breves segundos, desvencilhou-se do gesto — sem desentrelaçar os braços por completo — e o encarou com os olhos fumegantes e ansiosos.





— Como foi no ginásio? Conheceu muitos Pokémon novos? — Só foi conceder espaço quando o homem gesticulou para que houvesse uma passagem até à direção de sua mãe. — O senhor derrotou todos os oponentes, né? Duvido que tenha deixado barato para eles!





Assim que terminou de tamborilar uma colher sobre um copo de leite, a mulher — sua mãe, Caroline — o ofereceu com uma feição quase repreensiva, mesmo que ostentasse do mesmo bom humor do pai ao assistir tamanha euforia do garotinho.





— “Bom dia”, Max. — Carregou de certa ironia na voz. — Caiu da cama com as risadas escandalosas do seu pai?





— A-Ah — Sorriu, um tanto envergonhado. — Bom dia, mamãe. Na verdade — Assim que aceitou o seu leite achocolatado matinal, fez uma pausa para um nobre gole de desenhar um traço de chocolate acima de seus pequeninos lábios. — Eu ouvi a voz do papai e nem lembrava que hoje ele voltava para casa mais cedo. Tá tudo bem, pai?





— Bem, na medida do possível, sim. — Transpareceu a melhor sensação de segurança ao filho que conseguia, embora não estivesse com sérios problemas ou situações irreversíveis em seu currículo. Era apenas uma questão de tempo e a escolha das melhores palavras para dar a notícia. — Agora que você se acalmou, rapazinho — O encaminhou, pelos ombros, até a mesa. — Eu tenho uma ótima história para te contar.





— Sério?! — Para o pequeno Max, nem mesmo as guloseimas dispostas sobre a mesa para um reforçado café da manhã o apeteciam perante os contos miraculosos e destemidos que só o seu pai sabia desenrolar. — Envolve Pokémon poderosos? Ou estratégias malucas?!





— Envolve tudo isso e ainda uma reviravolta sem precedentes quando tudo parecia acabado! — Elevou alguns oitavos da voz, no intuito de demonstrar certa supremacia em seu conto.





— Já posso até imaginar! — Através das grossas lentes do menino, um mar de possibilidades épicas fomentava o seu olhar inquieto. — O Slaking precisava atacar um Machamp furioso justo no turno em que sua habilidade o comprometia, mas conseguiu virar a jogada quando estava nas últimas com um Giga Impacto!





— Bem, tudo começou quando um Gallade investiu em — Nos primeiros e maravilhosos segundos das palavras do pai, a história foi interrompida pela melodia dos injustiçados; o toque de seu celular. — Ér, parece que essa aventura vai ter que esperar um pouquinho, campeão. — Seu sorriso soou um tanto transtornado e aborrecido por obstruir um dos poucos e, na opinião de Max, mais emocionantes momentos de suas rotinas.





De qualquer maneira, tinha que atender o mais depressa possível. Restaurou a compostura e tratou de abandonar a mesa o quanto antes. A mãe, percebendo o quase nítido desânimo por parte do seu filho caçula, tão logo se apossou do assento de seu marido e segurou as mãos do pequenino num gesto simplório de ternura e admiração. Por outro lado, Max tinha nove anos — na verdade, tinha pouco mais de uma semana para completar sua primeira década — mas não era tão ingênuo. Alguma coisa não soava bem por uma série de fatores. Seu pai estava em casa em um horário não previsto e estava animado demais — não que fosse do estilo mal-humorado, mas conseguia perceber certa artificialidade em seu comportamento — e sua mãe certamente estava acobertando algo, do seu jeito, com poucas e breves palavras abastadas por olhares e gestos que sustentavam o que ainda não havia reunido coragem o suficiente para dizer.





Bebericou os últimos goles de seu achocolatado enquanto não tirava os olhos da mãe; tão logo se perguntaria o que ela tanto admirava, ainda mais pela feição levemente sorridente e confortada com algo. Devia estar com a cara engraçada ou com a boca lambuzada de leite, constatou em pensamento.





— Estava do jeito que você gosta? — Perguntou Caroline, num tom divertido e previsível sobre o selo de aprovação estampado na face do menino.





— Com certeza! — Sorriu de volta, agradecido. — Todos os meus cafés da manhã poderiam se resumir a uma copada de leite com chocolate, nada mais!





— Só nos seus sonhos, mocinho. — O olhar repreensivo da mãe assegurou de apresentar o restante da mesa. — Vai comer pelo menos um pãozinho antes de sair daqui.





— Droga. — Murmurou, encurralado. — Pode ser só os biscoitos?





— Hm, pode — Se deu por vencida. — Pode, sim.





— Hm! Hm! — De boca cheia e tão animado quanto, outro assunto não poderia escapar de toda manhã (o que já era previsível para aquela que o conhecia tão bem). — Eu já sei o que podem me dar de presente de aniversário!





— Bem, sobre isso, eu—





Salva pelo gongo, a ligação de Norman demorou menos do que o esperado. Não é como se fosse o fato de estar de mãos vazias para a ocasião que a preocupava e sim as circunstâncias do momento para a recepção do presente. No melhor dos casos, seria bem aceito e teria ótimas lembranças para o futuro.





— Onde estávamos? — Inquiriu o homem assim que guardou o celular no bolso e adentrou ao cômodo.





— Ah! A mamãe ia revelar o meu presente de aniversário! — Bradou, um tanto chateado. — Agora ela não vai querer mais contar, quer apostar?





— Eu não ia estragar a surpresa, rapazinho. — A mulher cruzou os braços, com uma das sobrancelhas arqueadas e um ar divertido.





— Até porque o seu presente está comigo. — Norman apontou, com o polegar, ao próprio peito.





— Sem chances d’eu descobrir o que é, então. — Suspirou, dado por derrotado. — Mas se fosse a May, a “filhota do papai”, não só saberia como já teria ganhado mais alguma coisa.





— Aliás, será que ela vai — Conservou uma breve pausa. Já havia um bom tempinho que sua estadia não confirmou a presença de sua filha na casa, o que lhe rendeu um bom senso de preocupação paterna. — Demorar muito?





— Apesar dos pesares, ela me pareceu segura ao sair. — Contestou a mãe, pensativa.





— Acho que eu deveria ligar para ela. Só para certificar de que está tudo bem.





— Ei, será que a gente pode esquecer a May e focar no quase aniversariante? Hã? — Interveio o pequeno, tão impaciente quanto decisivo em desviar o foco da conversa.





A competição de atenção para o casal de filhos nunca foi uma pauta a ser discutida na residência dos Mapple, no entanto, Norman optou por conceder um pouco de liberdade à sua filha mais velha e abandonar, o mínimo que fosse, o espírito de pai protetor. O laboratório não era muito longe e o vilarejo de Pallet era tão minúsculo que a maioria deveria conhecê-la. Por outro lado, precisava — e muito — assumir as rédeas da situação para que tivesse uma conversa clara e saudável o suficiente com Max.





— Claro, hã — Puxou uma cadeira com o pé e se sentou ao lado do menino. — Então, Max. Você já é quase um homenzinho, não é mesmo?





— Quase, não. Um completo homenzinho. — Se gabou com um sorriso contraditoriamente infantil. — Mas, ahn, não é por nada não- vocês tão muito esquisitos hoje. Eu fiz alguma coisa errada?





— Tirando a janela da lavanderia que misteriosamente foi quebrada, não. — Pontuou Caroline. — Mas não é sobre isso que o seu pai quer falar. Ou melhor, que nós dois queremos conversar.





— Por que isso não parece ser uma coisa boa? — Encarou os dois, um tanto desconcertado.













E assim, encerra-se o nosso capítulo de hoje. Ao que parecia ser um dia típico para Ash Ketchum e Pikachu, um Pokémon misterioso pelos ares certamente não estava programado para causar tantas intrigas e aflorar tantas emoções em nossos heróis. Do outro lado, enquanto May idealiza o princípio de seu, de longe, sonho de finalmente ser uma treinadora de Pokémon, Max ainda não tem a certeza de que receberá boas ou más notícias. Ninguém sabe, ao certo, se essa coletânea de fatores é favorável ou desfavorável para que seus destinos possam ser entrelaçados.





E A JORNADA CONTINUA...

PUBLICAÇÃO ORIGINAL em 05/04/2022

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